Conhecimento é poder
Vivemos uma época em que a informação está disponível sob as mais variadas formas. É um bem de rápida desvalorização. E informação, de excelente qualidade e muito valiosa, é oferecida, gratuitamente, em São Paulo, pela DIPE – Divisão do DENARC da Polícia Civil. Pode-se questionar se um órgão, responsável pela repressão ao uso de drogas, teria uma visão isenta e equilibrada, mas é inegável que os argumentos apresentados são bons e com forte base científica, além de serem apresentados em linguagem simples, que o público em geral é capaz de entender sem precisar estudar medicina, farmácia ou se tornar um especialista em entorpecentes.
Há opiniões contra o uso de drogas, há pessoas que defendem a total liberação, há opiniões de que deve haver regulamentação, enfim várias possibilidades. Algumas se aproveitam da desinformação ou de informações contraditórias ou incompletas. Conhecer vários lados da questão, antes de fazer juízo de valor, é muito importante. Vivemos uma época de polarização apaixonada em que grupos tentam forçar seu ponto de vista como única verdade a ser aceita.
Um grande complicador na questão das drogas é o efeito delas nos seres humanos. Adib Jatene, importante médico cardiologista, antes de morrer, deu várias entrevistas em que argumentava que as pessoas são diferentes e reagem de forma diferente frente a algumas situações. Citou exemplo de encanamentos feitos de cobre, que numa casa dificilmente apresentarão problemas de entupimentos, e outros tipos de canos, mais baratos, que podem apresentar entupimentos. Assim, nem todo fumante vai desenvolver câncer, embora pesquisas indiquem que a maioria da população vai apresentar alguma patologia. Pesquisas indicam como a maior parte de uma amostra da população reage a uma situação, não a totalidade. Existe uma parcela que reage de forma diferente. E isso dificulta a discussão sobre os efeitos das drogas. Sempre haverá um exemplo de uma pessoa que apresenta uma reação diferente que a maioria. E discussões apaixonadas podem levar a conclusões equivocadas.
O café é um bom exemplo. Há pessoas que são sensíveis à cafeína e perdem o sono quando tomam café. Outras pessoas sentem sono, pois o cérebro reage de forma diferente, produzindo mais melatonina. E outras não apresentam reação nenhuma. É fácil encontrar pessoas com quaisquer das três reações. Consumir cafeína não é proibido e isso facilita essas constatações.
Várias pessoas públicas já declararam serem consumidoras de entorpecentes ilegais. O consumo de drogas encerrou precocemente várias carreiras, principalmente no meio artístico. Outras carreiras continuam a prosperar, apesar do uso de drogas. Temos a cracolândia... enfim vários exemplos antagônicos. A informação que a DIPE oferece pode ajudar a desenvolver uma opinião melhor.
Angela Oshiro
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Psicóloga Clínica
Membro fundadora de Na Roda com Psicólogos
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